Nasceu a coisa mais fofa do mundo. Filhote raceada de border collie e
pastor alemão, foi doada para uma família que tinha apenas a mãe,
a filha, Pam e o namorado da mãe, pois ainda não haviam se casado.
Assim que chegou aos
braços de Pam, percebeu-se que tinha-se uma pedra preciosa. Assim
começamos a história de Cristal. A cadela mais lembrada da família
Teodósio, que estava muito triste, quando da chegada da cadela
Cristal.
A família tinha
outra cadela, Ninha, uma bassê preta, mas, devido ao câncer da avó
de Pam e os perigos de bactérias, pelos e possíveis doenças
extras, a mãe de Pam resolveu doar Ninha para sua irmã, tia de Pam.
Infelizmente, a avó veio a falecer e, de repente, chega Cristal.
Pequena, toda peluda, cheirosa, claro e com um lacinho na cabeça,
como falei, a coisa mais fofa.
O namorado da mãe
falou.
– Vai ser uma
cachorrona grande.
A mãe.
- Como você pode
saber disso?
O namorado.
- Já criei muitos
animais e conheço coisas assim. Veja o tamanho enorme das patas
dela.
A mãe
Não vai crescer
tanto, é a coisa mais linda ela.
O namorado.
- Seja como for, não
quero me envolver. Faz tempo que não crio animal nenhum, pois todos
morrem e eu já sofri demais quando vi minha última cachorrinha
morrer.
O tempo passou e
realmente Cristal cresceu. Uma cadela grande com seus 15 ou 20
quilos. Os namorados começaram a viver juntos, Pam foi pra
universidade e, por trabalhar apenas um turno, o namorado da mãe,
agora marido, por trabalhar meio turno, acabou tendo que cuidar da
cadela. Compra comida, passear toda tarde. Ele não queria se
envolver, mas sempre se envolve.
Nova doença na
família, a irmã do marido, com câncer, doou um cachorrinho para
ele. E uma gata também, por sinal. O cachorro era um Poodle, número
2 (ou coisa do tipo, era um pouco maior que o menor deles). Ele já
era velho e se ligou a Cristal, mas por ser pequeno, nunca
conseguiram cruzar.
A irmã do marido
faleceu e o casal resolveu castrar a gata, para evitar ciclos de
novos gatinhos, o marido perguntou se iam castrar a cadela, a mãe
ficou na dúvida, mas resolveram não castrar, pois o poodle era
pequeno, aliás, o nome dele.
Ninha a cadela da
irmã da mãe, teve uma cria e, dela, selecionaram um dos cachorros,
Pingo, para conviver com os já presentes Pequeno e Cristal. Os dois
eram terríveis. Primeiro o poodle queria bater no bassê, mas depois
que este cresceu, o que o poodle podia fazer? Quase morreram várias
vezes em brigas, quando Cristal estava no cio.
Pequeno morre em uma
noite chuvosa na cidade de extremoz, Fica Pingo que, pequeno também,
um pingo de gente, jamais iria cruzar com a grande Cristal, que já
estava com seus 10 anos de idade.
O tempo passa, os
passeios vespertinos continuam. Os dois cachorros conviviam bem e
ninguém imaginava que iriam cruzar, mas cruzaram.
Cristal, já nos
seus 11 anos de idade, bem avançada para uma cadela, ficou grávida
e em um dos passeios entrou em trabalho de parto, ali mesmo, na rua.
O marido pediu para um vizinho olhar ela enquanto ele ia em casa
pegar o carro para levar a bichinha para ter o resto dos cachorrinhos
em casa.
Saíram três
cachorrinhos iguaizinhos a Pingo, mas ela não conseguiu mais colocar
para fora os outros. Passaram-se 24 horas e todos nós em agonia
esperando ela ter forças para ter os outros filhotes. Ela, como uma
boa mamãe, amamentava os três que nasceram, mas em horas de
contração, saia, andava, cavava, vomitava. Coitada da cadela.
Ligou-se para veterinários e eles falavam que deveria aguardar 36
horas.
Ela não aguentou.
Em pleno sofrimento, em uma madrugada, Cristal, deitada, ao lado dos
seus filhotes, ainda vomitou mais uma vez e ali mesmo, na posição
que estava, morreu, ainda dando leite para seus pequeno filhotes.
A família tinha um
terreno em outra cidade e fizeram o enterro da bela Cristal em um dia
de janeiro, muito ensolarado, mas também muito triste. O silêncio
era o dono daquele dia. Os três, mãe, filha, marido, em silêncio
foram ao terreno, em silêncio enterraram a doce cadela, em silêncio
voltaram para casa.
…
E os cachorrinhos?
Eles ficaram vivos. Estão tomando leite em mamadeira com leite
específico para cachorros. São muito ativos. E o pai, o senhor
Pingo, apenas observa, se aproxima dos filhotes, depois sai de perto,
enquanto os bichinhos são alimentados. Será um bom pai,
aparentemente.
Cristal, esta é uma
homenagem à cadela que tanta alegria trouxe para a família
Teodósio.
Fique em paz.